quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sicília

Taormina

Tenho vergonha de dizer que já faz 1 mês que voltamos da nossa viagem à Sicília e ainda não escrevi no blog. Mas com tanta coisa acontecendo, o blog acaba mesmo ficando em segundo plano.
A Sicília é um pouco daquela Itália que habita o imaginário das pessoas em todo mundo: belas paisagens, boas comidas, mar azul, ruazinhas estreitas, roupas estendidas na varanda, máfia. Sim, porque a máfia, como a conhecemos e como se espalhou por todo o mundo, nasceu na Sicília, logo após a reunificação da Itália, como forma de protesto. Mas para quem passa apenas uns dias na região, não é possível perceber a influência da máfia, assim como para quem, como eu, vive aqui.
Desde que cheguei na Itália tinha esse sonho de conhecer a Sicília, mas por estar longe de Milão, não era possível ir em um fim de semana prolongado. Com a vinda da minha mãe, decidimos tirar 1 semana de férias e viajar com ela para um lugar que, nem eu, nem ela conhecíamos. Pensando na Sicília como uma ilha, fica parecendo que tudo é muito perto, mas não é. Na verdade ela é a maior ilha do Mar Mediterrâneo!
Tivemos que montar um roteiro só com a parte leste da ilha, mais próxima ao continente, porque conhecer tudo, de Palermo a Catania, incluindo Taormina, Agrigento, San Vito Lo Capo, demandaria bem mais do que 1 semana.
Desembarcamos em Catania, pegamos o carro e fomos direto pra Agrigento, o ponto mais longe da viagem, onde fica o Vale dos Templos. O sul da Itália foi colonizado pelos gregos no séc. VIII a.C. e ainda é possível ver muito dessa influência. O Vale dos Templos é o maior exemplo, uma região repleta de templos construídos em honra aos Deuses gregos. Alguns ainda estão completamente em pé, outros nem tanto, mas vale muito a pena a visita. É como estar na Grécia.

Templo da Concordia

No caminho, a paisagem surpreende. Esperávamos estradas mal-cuidadas mas o que encontramos foi exatamente o contrário. Apesar de ser uma ilha, a paisagem na Sicília é bastante seca. Muitos morros e montanhas secas, algumas cobertas por oliveiras. Em algumas regiões, como Pachino, as plantações de tomate tomam conta da paisagem. Em outras regiões, começam as plantações de laranja e limão (que aqui são frutas de inverno); mas por toda parte o que mais vimos foram figos da Índia. Minha mãe até ganhou alguns espinhos porque não aguentou ver todos aqueles pés carregadinhos de fruta madura!
Depois de Agrigento fomos para Ispica, Noto, Modica, Ragusa e Siracusa, todas cidadezinhas bem típicas, de arquitetura barroca. Dividíamos nossos dias entre praias e caminhadas históricas.

Praia de Calamosche
Para o fim da viagem deixamos Taormina, a praia mais famosa da região e uma das mais famosas da Itália. O mar é realmente muito bonito, mas foi um dos lugares que menos gostei. Muito cheia de turistas estrangeiros (russos principalmente), não tinha a tranquilidade das outras cidades por onde passamos. Construída num morro, a locomoção não era também muito fácil. Mas pegar o teleférico para a parte de cima da cidade e visitar o Teatro Grego, com a vista do mar ao fundo, é realmente fantástico. Seguindo indicações de um nosso amigo siciliano, fomos a uma doceria típica, muito simples mas ao mesmo tempo muito boa. Eu estava à caça de uma boa cassata siciliana, mas nem nesse dia a encontrei, provando-a uma vez só durante toda a viagem. Por ser um doce com ricota, não é comum encontrá-lo nos meses de calor, já que pode estragar muito rápido. O que tinha por toda parte era o cannolo siciliano, que não é dos meus doces preferidos. Nesta doceria mesmo provamos um recheado na hora! Ah, outra produto típico da região que está presente em todos os pratos é o pistache: pasta com pesto de pistache e camarão, torrone com pistache, granita (uma espécie de raspadinha) de pistache, entre tantos outros.

Teatro Grego e Taormina ao fundo

De Taormina fomos ao Etna, o mais alto vulcão da Europa e um dos maiores do mundo! Mas o clima não ajudou muito. Lá embaixo na praia tava sol, dia lindo, mas quando começamos a subir a montanha, de carro, entramos no meio da neblina. Quando chegamos a 1900mts de altitude, o limite máximo para carros, onde pretendíamos pegar um teleférico e ir até os 3000mts, visitar a cratera maior, percebemos que a neblina não iria facilitar as coisas. O termômetro do carro marcava 8°C mas achamos que dava para encarar, até soltei os cabelos para “esquentar” um pouco o pescoço. Grande erro. Fui a primeira a sair do carro e o vento era tão forte que mal dava pra respirar! Pra piorar, os cabelos voavam na cara e eu não via nada. Improvisei usando a canga como cachecol. O Davide não havia levado nenhum agasalho e se enrolou na canga com a bandeira do Brasil; minha mãe pegou uns lenços e enrolou a toalha de praia na cabeça, pra proteger o ouvido, e a Kimiko também se enrolou em alguns lenços e cangas. Tudo em vão, o vento era tão forte que mal conseguíamos caminhar! No fim ríamos (como no vídeo abaixo), porque era uma coisa tão absurda, jamais sentida antes, que nem sabíamos como reagir. Visitei uma cratera (não ativa, obviamente) e quando tentei subir para a próxima, o vento me empurrou com tanta força que fiquei com medo de cair e voltei correndo para o carro, seguida, alguns minutos depois, pelo resto da turma. Infelizmente não conseguimos chegar ao topo e visitar o vulcão com calma, mas com certeza essa experiência com o vento será inesquecível!

http://www.youtube.com/watch?v=-PlOGF2pN3M&feature=youtu.be

Dali fomos para Catania, última cidade do roteiro e onde ficamos só 1 noite. Como qualquer cidade grande, um pouco bagunçada, com casas velhas e mal-cuidadas, sem o mesmo charme das outras cidadezinhas que vimos antes. A melhor parte de Catania foi ter provado uma verdadeira e fantástica cassata siciliana, pra fechar a viagem com chave de ouro!

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