![]() |
Arco do Triunfo |
Só agora eu parei pra pensar e percebi que Paris nunca foi meu destino dos sonhos. Quando dizia que queria conhecer a Europa, sempre pensava na Espanha, terra dos meus bisavós, e na Inglaterra, com seus castelos, seus reis e rainhas. Tanto que pus meus pés na Europa pela primeira vez há quase 5 anos e só agora fui conhecer Paris. Tudo bem, era uma questão de tempo também, porque sabia que um fim-de-semana não bastava, precisava de um fim de semana mais que prolongado.
Mantendo nossa “tradição” de viajar nos aniversários, compramos os bilhetes para o fim de semana seguinte ao aniversário do Davide, tiramos uns dias de férias e passamos 5 dias em Paris.
Antes de qualquer comentário, quero falar sobre a (ótima) impressão que os franceses/parisienses deixaram na gente. Nada de gente arrogante e antipática, muito pelo contrário. No domingo de manhã estávamos em uma zona não muito turística tentando nos localizar no nosso mapa, quando pára um moço cheio de sacolas e oferece ajuda. Abre parênteses: o Davide estudou Francês por muitos anos, mas a falta de uso o fez esquecer e confundí-lo com o Português. Eu sei muito pouco, então tentávamos nos virar no Inglês mesmo. Fecha parênteses. O Davide apontou onde queríamos ir no mapa e ele explicou mas disse que poderíamos seguí-lo. Ele andava super rápido e nós íamos apreciando tudo, bem turista, e pensamos que ele iria embora, já que tínhamos entendido o caminho. Mas não! Ele parou na esquina, nos esperou e mostrou a rua que deveríamos seguir para chegar até a Ópera.
Outro episódio foi um problema com o bilhete do metrô. O metrô de Paris, assim como Londres, é cobrado por zonas: mais longe do centro, mais caro. Quando chegamos ao Aeroporto, compramos um bilhete válido por 5 dias, das zonas 1 a 5. No primeiro dia o bilhete não funcionava e a funcionária do metrô imprimiu um novo. Ótimo, até o dia que fomos pra Versailles e o fiscal do trem me fez notar que o bilhete era válido somente até a zona 3! Fiquei desesperada, expliquei (em Inglês) que a mulher da estação que imprimiu errado e ele disse que não cobraria multa, mas eu teria problemas pra sair da estação em Versailles (quando você tem que validar o bilhete de novo). Na estação, quando procurávamos a saída, um moço que estava no trem (e deve ter entendido o problema) me chamou e passou o bilhete dele para eu sair! Na hora de voltar para Paris, fui até a bilheteria e expliquei o problema à funcionária. Ela disse que queria me ajudar, mas não poderia imprimir outro bilhete pois teria que arcar com os custos. No fim ela liberou a catraca para eu passar e disse que se o fiscal perguntasse alguma coisa, pra eu dizer que subi em outra estação da zona 3. Falei “merci” mil vezes e, felizmente, nenhum fiscal subiu no trem. Chegando em Paris, pegamos o comprovante de pagamento do bilhete e fomos ao metrô brigar, e o moço imprimiu um novo bilhete e ainda pediu desculpas pelos problemas!
Além disso, nos restaurantes fomos sempre bem tratados, nada de garçon mal-humorado como muitos dizem. No sábado à noite fomos a um típico bistrô, indicado pelos meus colegas do escritório em Paris. Eramos os únicos estrangeiros no local e a garçonete, quando pedimos um menu em inglês, explicou tudo em italiano! Seguindo pela parte gastrônomica da viagem, todos nossos cafés-da-manhã foram de pain au chocolat; alguns jantares com carne (pra mim, claro); almoços com crepe e uma baguete espetacular na última tarde. Na Itália também tem baguete, mas a francesa é muito melhor, muito mais parecida com o saudoso pão francês. Tudo isso feito sempre, claro, com muita manteiga, produto base da cozinha francesa. Por ter uma pequena (ou nenhuma) produção de azeite, países como França e Alemanha usam muita manteiga, mesmo hoje que é muito mais fácil comprar o produto dos países vizinhos.
![]() |
Café da manhã com muito Pain au chocolat |
Mas, devo confessar (e vocês podem me apedrejar) que Paris não me causou um grande impacto. Não era como Londres, que eu olhava todas aquelas casinhas e me sentia em um filme, as criancinhas com uniforme à la Harry Potter. Não sei dizer, mas Paris me pareceu uma Itália mais organizada, só isso. Nada de tão especial nem tão diferente. Ok, é uma cidade muito mais viva do que Milão, com cafés, restaurantes, gente nos parques; é uma cidade bonita, claro, mas não me causou grande impacto, não vi nada de tirar o folego, nem mesmo a Torre Eiffel.
Mesmo o Louvre me decepcionou. Por ser um dos maiores museus do mundo, esperava encontrar obras famosíssimas, mas além da Mona Lisa e da Venus de Milo, nada muito famoso. Tá bom, eu sei que tô mal acostumada, que a Itália é detentora de grande parte das obras de arte mais famosas no mundo. Você vai pra Florença e vê David de Michelangelo, vê a Primavera e o Nascimento da Venus de Boticeli, vê a Medusa de Caravaggio e espera encontrar muito mais que isso no Louvre, mas não. Se você quiser ver Monet, Renoir, Matisse e outros impressionistas, tem que ir ao Musée de l’Orangerie, e nesse não tivemos tempo de ir.
Infelizmente não deu tempo de muita coisa, preferimos caminhar mais do que entrar nos lugares (à parte o dia que deixei só para o Louvre). Também fomos ao Palácio de Versalhes, que é enorme e dá bem uma idéia de como era a realeza e porque a Revolução Francesa aconteceu. Por ser um Palácio com 700 quartos, achei que daria pra ver mais do que uma dúzia de aposentos. Claro, não me decepcionei, mas esperava mais. Mas o jardim é realmente espetacular. Aliás, passamos mais tempo no jardim do que dentro do Palácio. Comemos nosso lanchinho na baguete, atravessamos o jardim inteiro (que é enorme), visitamos o Petit Trianon, residência da Maria Antonieta, e ainda deu pra tirar um cochilo no gramado.
Além disso, caminhamos muito e sempre, durante toda a viagem.
![]() |
Jardins de Versailles |
Ah, talvez o que tenha contribuído para que eu não me surpreendesse tanto com Paris é a globalização. Sim, ela mesma. Você anda pela Champs-Élysées e vê o que? H&M, Gap, Benetton, Sephora... Exatamente as mesmas lojas que vejo todo dia em Milão. Fomos até a primeira loja da Ladurée, doceria famosa que inventou o macaron e, o preço, o sabor, eram o mesmo da loja daqui! Acho que no passado era muito mais legal/empolgante viajar e descobrir coisas que só tinham naquele lugar, experimentar novos sabores e voltar pra casa com souvenirs que você nao encontraria em nenhum outro lugar. Hoje, até o souvenir é feito na China!
![]() |
Um comentário:
amigaaaaa, vc não engorda nunca né! SAudades de vc.
Beijoka Cí
Postar um comentário