quarta-feira, 20 de junho de 2012

Paris

Arco do Triunfo

Só agora eu parei pra pensar e percebi que Paris nunca foi meu destino dos sonhos. Quando dizia que queria conhecer a Europa, sempre pensava na Espanha, terra dos meus bisavós, e na Inglaterra, com seus castelos, seus reis e rainhas. Tanto que pus meus pés na Europa pela primeira vez há quase 5 anos e só agora fui conhecer Paris. Tudo bem, era uma questão de tempo também, porque sabia que um fim-de-semana não bastava, precisava de um fim de semana mais que prolongado.
Mantendo nossa “tradição” de viajar nos aniversários, compramos os bilhetes para o fim de semana seguinte ao aniversário do Davide, tiramos uns dias de férias e passamos 5 dias em Paris.
Antes de qualquer comentário, quero falar sobre a (ótima) impressão que os franceses/parisienses deixaram na gente. Nada de gente arrogante e antipática, muito pelo contrário. No domingo de manhã estávamos em uma zona não muito turística tentando nos localizar no nosso mapa, quando pára um moço cheio de sacolas e oferece ajuda. Abre parênteses: o Davide estudou Francês por muitos anos, mas a falta de uso o fez esquecer e confundí-lo com o Português. Eu sei muito pouco, então tentávamos nos virar no Inglês mesmo. Fecha parênteses. O Davide apontou onde queríamos ir no mapa e ele explicou mas disse que poderíamos seguí-lo. Ele andava super rápido e nós íamos apreciando tudo, bem turista, e pensamos que ele iria embora, já que tínhamos entendido o caminho. Mas não! Ele parou na esquina, nos esperou e mostrou a rua que deveríamos seguir para chegar até a Ópera.
Outro episódio foi um problema com o bilhete do metrô. O metrô de Paris, assim como Londres, é cobrado por zonas: mais longe do centro, mais caro. Quando chegamos ao Aeroporto, compramos um bilhete válido por 5 dias, das zonas 1 a 5. No primeiro dia o bilhete não funcionava e a funcionária do metrô imprimiu um novo. Ótimo, até o dia que fomos pra Versailles e o fiscal do trem me fez notar que o bilhete era válido somente até a zona 3! Fiquei desesperada, expliquei (em Inglês) que a mulher da estação que imprimiu errado e ele disse que não cobraria multa, mas eu teria problemas pra sair da estação em Versailles (quando você tem que validar o bilhete de novo). Na estação, quando procurávamos a saída, um moço que estava no trem (e deve ter entendido o problema) me chamou e passou o bilhete dele para eu sair! Na hora de voltar para Paris, fui até a bilheteria e expliquei o problema à funcionária. Ela disse que queria me ajudar, mas não poderia imprimir outro bilhete pois teria que arcar com os custos. No fim ela liberou a catraca para eu passar e disse que se o fiscal perguntasse alguma coisa, pra eu dizer que subi em outra estação da zona 3. Falei “merci” mil vezes e, felizmente, nenhum fiscal subiu no trem. Chegando em Paris, pegamos o comprovante de pagamento do bilhete e fomos ao metrô brigar, e o moço imprimiu um novo bilhete e ainda pediu desculpas pelos problemas!
Além disso, nos restaurantes fomos sempre bem tratados, nada de garçon mal-humorado como muitos dizem. No sábado à noite fomos a um típico bistrô, indicado pelos meus colegas do escritório em Paris. Eramos os únicos estrangeiros no local e a garçonete, quando pedimos um menu em inglês, explicou tudo em italiano! Seguindo pela parte gastrônomica da viagem, todos nossos cafés-da-manhã foram de pain au chocolat; alguns jantares com carne (pra mim, claro); almoços com crepe e uma baguete espetacular na última tarde. Na Itália também tem baguete, mas a francesa é muito melhor, muito mais parecida com o saudoso pão francês. Tudo isso feito sempre, claro, com muita manteiga, produto base da cozinha francesa. Por ter uma pequena (ou nenhuma) produção de azeite, países como França e Alemanha usam muita manteiga, mesmo hoje que é muito mais fácil comprar o produto dos países vizinhos.


Café da manhã com muito Pain au chocolat

Mas, devo confessar (e vocês podem me apedrejar) que Paris não me causou um grande impacto. Não era como Londres, que eu olhava todas aquelas casinhas e me sentia em um filme, as criancinhas com uniforme à la Harry Potter. Não sei dizer, mas Paris me pareceu uma Itália mais organizada, só isso. Nada de tão especial nem tão diferente. Ok, é uma cidade muito mais viva do que Milão, com cafés, restaurantes, gente nos parques; é uma cidade bonita, claro, mas não me causou grande impacto, não vi nada de tirar o folego, nem mesmo a Torre Eiffel.
Mesmo o Louvre me decepcionou. Por ser um dos maiores museus do mundo, esperava encontrar obras famosíssimas, mas além da Mona Lisa e da Venus de Milo, nada muito famoso. Tá bom, eu sei que tô mal acostumada, que a Itália é detentora de grande parte das obras de arte mais famosas no mundo. Você vai pra Florença e vê David de Michelangelo, vê a Primavera e o Nascimento da Venus de Boticeli, vê a Medusa de Caravaggio e espera encontrar muito mais que isso no Louvre, mas não. Se você quiser ver Monet, Renoir, Matisse e outros impressionistas, tem que ir ao Musée de l’Orangerie, e nesse não tivemos tempo de ir.
Infelizmente não deu tempo de muita coisa, preferimos caminhar mais do que entrar nos lugares (à parte o dia que deixei só para o Louvre). Também fomos ao Palácio de Versalhes, que é enorme e dá bem uma idéia de como era a realeza e porque a Revolução Francesa aconteceu. Por ser um Palácio com 700 quartos, achei que daria pra ver mais do que uma dúzia de aposentos. Claro, não me decepcionei, mas esperava mais. Mas o jardim é realmente espetacular. Aliás, passamos mais tempo no jardim do que dentro do Palácio. Comemos nosso lanchinho na baguete, atravessamos o jardim inteiro (que é enorme), visitamos o Petit Trianon, residência da Maria Antonieta, e ainda deu pra tirar um cochilo no gramado.
Além disso, caminhamos muito e sempre, durante toda a viagem.


Jardins de Versailles

Ah, talvez o que tenha contribuído para que eu não me surpreendesse tanto com Paris é a globalização. Sim, ela mesma. Você anda pela Champs-Élysées e vê o que? H&M, Gap, Benetton, Sephora... Exatamente as mesmas lojas que vejo todo dia em Milão. Fomos até a primeira loja da Ladurée, doceria famosa que inventou o macaron e, o preço, o sabor, eram o mesmo da loja daqui! Acho que no passado era muito mais legal/empolgante viajar e descobrir coisas que só tinham naquele lugar, experimentar novos sabores e voltar pra casa com souvenirs que você nao encontraria em nenhum outro lugar. Hoje, até o souvenir é feito na China!

 

Um comentário:

Cí disse...

amigaaaaa, vc não engorda nunca né! SAudades de vc.

Beijoka Cí